segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O velho e os pássaros

Há muito, muito tempo, vivia um velho num palácio em Pedrinha do Sol. Ele não gostava das pessoas, morava com os guardas e não queria saber de mais ninguém. Quando saía do castelo, ia sempre sozinho, montado no cavalo e não ligava às pessoas. Toda a gente o achava estranho e muito esquisito.
Quando chegou a Primavera, os agricultores adubaram e lavraram as terras e semearam o milho. Passado alguns dias, as plantas começaram a crescer. Quando já estava grande e bonito, vieram uns bichos muito esquisitos e começaram a roer o caule e o milho ia caindo todo. Os agricultores ficaram tristes porque corriam o risco de não colherem pão e assim não teriam o alimento mais importante que usavam. Aflitos, foram ter com o velho, o senhor que vivia no castelo e era o dono das terras, para pedir ajuda. Ao chegarem, o velho perguntou:
- O que vocês estão aqui a fazer?
- Senhor, nós estamos aqui porque precisamos da vossa ajuda.
- O que querem?
- Apareceram muitos bichos estranhos e estragam o milho todo. Que devemos fazer?
- Eu não sei fazer nada.
- Chame as pessoas entendidas e peça-lhes ajuda.
- Está bem, eu vou chamar. Vão lá para as vossas casas.
Os agricultores regressaram a casa. O velho chamou o seu amigo e pediu-lhe para, sempre que os agricultores perguntassem por ele, dizer que não estava no castelo. As pessoas ficaram uma semana à espera que o problema fosse resolvido, e nada. Entretanto apareceram uns pássaros de bico verde e asas vermelhas cor de fogo, que ora voavam ora pousavam no meio do milho. As pessoas foram tentar ver o que se estava a passar e repararam que os bichos estavam a desaparecer. O milho deixou de cair e foi amadurecendo. Quando chegou o tempo das colheitas, houve uma grande produção de milho. Os agricultores perceberam que se devia aos pássaros tão boa colheita e decidiram fazer-lhes uma festa.
Os homens juntaram a palha toda e fizeram um pássaro muito grande. As mulheres foram buscar os tecidos mais bonitos para cobrir a palha. Parecia um grande pássaro muito bonito! Cantaram, dançaram, comeram e beberam. Estavam em grande divertimento quando apareceu o velho que perguntou o que estavam a fazer. A pessoa mais velha levantou-se e disse que estavam a fazer uma festa aos pássaros. O velho não gostou nada e foi-se embora.
Durante a noite, o velho, sem ninguém ver, foi deitar fogo no grande pássaro de palha. Muitos pássaros que lá estavam a dormir morreram, outros conseguiram fugir. Quando as pessoas sentiram que estava a cheirar a fumo, levantaram-se e foram ver o que seria. Ao verem que o fogo era no pássaro de palha, correram todos para lá. Estavam a tentar apagar o incêndio quando uma faúlha foi pelo ar e caiu no castelo, incendiando-o. O velho bem pedia socorro, mas as pessoas estavam todas a tentar salvar os pássaros seus amigos. O velho acabaria por morrer queimado.
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Rafael Ribeiro

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Não sei trabalhar

Não quero trabalhar
Porque não gosto de escrever,
Às vezes dou muitos serros
E a minha letra é feia.

Eu não sei pintar
Porque faço riscos nas folhas
E não gosto de pintura
Porque penso na casa do meu avô
E faz-me pensar nele…
Ele está em Angola
E se calhar não vem na Páscoa.

Eu estou a aprender a ler
Porque estudo com a Joana
Ela é como se fosse minha mãe
Eu gostava pouco de ler
Mas agora gosto muito.

Eu gosto de Matemática
Porque quero aprender a dividir
E quero aprender as tabuadas.

Eu no colégio trabalho
Porque se lá não trabalhar
Recebo o merecido castigo.

Afinal há trabalho que sei fazer
Mas outro que quero aprender!

Rafael Ribeiro